11 de nov. de 2013

Devaneio


Era um garoto mórbido, arrastado pelo vento para novos horizontes.

Havia se libertado como um belo pássaro se livra da gaiola que o impede de voar. Mas essa liberdade tão clamada e adorada por tantos, não era o verdadeiro desejo de sua alma.

Suas noites tornaram-se cada vez mais escuras. Entregue ao relento, seu desejo pelo próprio sangue era sopitante. Morrer parecia a única solução para uma vida em paz.

Cogitou retroceder, mas já não era possível, o passado já havia se desfeito, tornou-se impossível ler os primeiros versos de sua história. Certo do seu dilema existencial, clamava aos céus que o deixasse encontrar a paz divina, mesmo que sucinta, num final de tarde sem sol.

E foi assim que conheceu o inferno: tentando ser livre.


Guilherme Rodrigues Santos

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