
Querido marido que nunca amei,
Adeus. Parto pois estou a me partir. Não consigo mais me entregar assim, preciso da minha liberdade. Já não tenho amor por mim e isso é nojento. Você é nojento, você tirou o meu amor próprio.
Tenho uma crisa de náuseas e vou vomitar tudo aqui, na sua cara nua, enquanto você está deitado descaradamente nessa cama em que comeu tudo de mim. Comeu minha vida e agora vai me ouvir.
Casei com você pois tinha tudo que eu queria. Você era rico, não era feio, tinha uma família reconhecida e um belo de um pau. Mas também era tudo aquilo que eu mais repudiava: um homem prepotente, autoritário e frio.
Tão frio que jamais me deu prazer. Tão frio que é estéril, afinal, Deus é justo e sabe que gente como você não deve se reproduzir.
Ah, você que se achava tão esperto, O poderoso, O rei da gostosa aqui, não é? Pois eu nunca fui sua. Fui de todos os seus amigos, mas sua? Nunca. Fui até dos seus inimigos... lembra-se do doutor Hélio, aquele que tirou a presidência da empresa de seu pais, das suas mãos? É claro que lembra! Também fui dele... mas de você? Nunca!
Você está sozinho nesse mundo e espero que seja assim pelo resto da sua vida desgraçada. Sempre tão orgulhoso... vai morrer sem amor. Você não é digno de ser amado. Você não sabe amar.
Provavelmente deve pensar que te odeio, mas não, não te odeio. Você é insignificante demais para que eu dispense um sentimento tão complexo por ti. Não sinto nada além do desprezo.
Desprezo.
Sinta-se como um desprezado e lembre-se de cada pessoa que você humilhou, achando que seu dinheiro lhe deixaria salvo dessa escória sentimental.
Já peguei todos os meus pertences e também o seu dinheiro. Sim, o seu dinheiro agora é meu. Esses 19 anos de convivência não poderiam sair baratos.
Não quero que me responda, nem me procure. Não quero nada mais de você. Abstraio-me de ti.
Com todo amor que nunca existiu,
Sua ex-mulher, que lhe permito chamar de "aquela puta".
Guilherme Rodrigues Santos
Guilherme, 20 anos, moro em Belo Horizonte e estudo medicina na UFMG. Me incomoda a forma como algumas pessoas vão levando a vida sem paixão, sem comprometimento com o outro.
A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos, fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. E eu gosto de mim, mas não é muito confortável ser eu.
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